A melancolia cercava seus pensamentos. A solidão que voltara a experiênciar era desoladora. Não agüentava aquele sentimento, aquela saudade tão repentina, tão apressada. As meninas no carro percebiam o vôo diurno de seus sonhos acordados, aproveitavam para tirar sarro, mas ela sabia que o ue elas sentiam era uma verdadeira inveja. Era o que ela sentiria caso a coisa tivesse se dado com uma das outras.
Sua ultima noite na praia fôra perfeita, a lua brilhava forte e alta, iluminava todos ao redor. A fogueira aquecia os corpos, copos e corações. A música era gentil com os ouvidos, mesmo apesar do volume elevado, e levava qualquer um a dançar com o ritmo em perfeita sincronia. Um homem jovem, por volta de seus vinte anos foi com ela dançar, e ela já sabia o que ele esperava. Que homem não seria sensível o suficiente para saber que mulheres não pensam só em sexo, uma boa dança, uma boa conversa, e, talvez o mais importante, um bom beijo. Mas ele era bonito, divertido e extrovertido. Muito diferente de outro rapaz, que estava desde cedo na mesma praia, porém sem dançar, nem perto da fogueira. Ele chamou sua atenção por estar simplesmente parado, longe de tudo e de todos, olhando para o mar e para a lua, como se eles três fossem velhos amigos. Roberto era o nome do jovem que estava com ela, ele estava também na companhia de alguns amigos, vinham de Natal e estavam aproveitando o final de semana nesta praia que mais parecia um paraíso turístico, muita bebida, muita festa e muitas mulheres, eles também não haviam se esquecido da maconha fácil que poderiam conseguir ali. Mariana estava com Roberto, logo seus amigos Breno e Alex e juntaram e Rafael um vendedor de baseados parou perto deles e vendeu-lhes um enrolado por 15 reais.
Mariana só pensava no quanto eles eram burros de comprar um cigarro de maconha por tanto dinheiro, mesmo nunca tendo fumado, ela conhecia muitos que o faziam e sabia que mesmo naquela cidade pequena não deveria ser mais do que 2 reais um baseado. Aquele garoto que olhava o mar e o luar passou perto e Rafael lhe cumprimentou com firmeza, falaram alguma coisa que ela não ouviu, até porque estava ocupada beijando Roberto. Rafael mandou que os outros dessem uma puxada para o cara que antes de tudo se apresentou a todos: "boa noite, sou o Maurício, prazer!". Tentou puxar conversa mas estavam todos os jovens apressados para fumar, Roberto nem se apresentou para o homem que acabara de chegar à roda, mas Mariana já havia parado de prestar atenção no homem que só queria saber de comê-la e se apresentou a Maurício como de costume, os dois beijos um em cada bochecha, terminando com um "prazer".
Aquele homem misterioso que apareceu em sua noite foi o que faltava para tudo ficar melhor ainda, Roberto só a enchia o saco e os outros, ela nem conhecia direito. Maurício, Maurício não, ele era, o que ela mesmo falou para ele, um homem de verdade. Quieto, porém a entendia e compreendia perfeitamente, era como se ele estivesse ali só para ela. Ele era bonito, inteligente e a fazia rir. Roberto ainda apareceu umas duas vezes, nas duas vezes Maurício se retirou, era como se ele agisse de acordo com um código, isso o deixava ainda mais irresistível. Quando ficaram a sós ela lhe ofereceu uma bala, depois de muita conversa essa foi a primeira demonstração de paixão de sua parte, e ele com a língua passando em sua mão pegou as balas e com um beijo lhe passou uma das duas. Neste ponto ela já estava a mil, dois anos sem ninguém, dois anos, aproveitando o piercing que havia colocado no clitoris, se guardando para alguém especial, tinha medo de se machucar, mas ele era perfeito. "vamos ali comigo que eu quero fazer xixi" foi o que ela disse, não havia banheiro na barraca do luau mas era só se afastar para uma das barracas por perto e fazer ali mesmo, no escuro e solitário vão entre as barracas. Maurício a guiou para bem longe, ele falou que ele mesmo não gosta de fazer xixi perto de outros. Depois que ela terminou ele a puxou e o mundo caiu. Depois de dois anos ela não imaginaria que fosse gozar tão intensamente, tão repetidamente, ainda mais assim, na primeira noite com alguém, na praia, em baixo de uma barraca, à luz do luar.
A noite acabou, ele foi dormir e ela foi para o carro viajar. Algo dizia em seu coração que ela jamais encontraria aquele homem de verdade, e só restava a ela a nostalgia do momento. As meninas no carro poderiam dizer qualquer coisa, mas elas também viram o homem, também conversaram com o homem, todas se apaixonaram pelo homem. Maurício O Incubus.
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