29 de dez. de 2009

A morte lhe cai bem - II - Conflito

Oito horas. Oito horas era o que o celular de qualquer um dos rapazes estava marcando no exato momento que alguém decidiu olhar. Aquele labirinto já estava enchendo o saco de todo mundo, nenhuma porta trancada era problema com o fantasminha camarada por perto. Nenhuma escuridão era negra o suficiente que não pudesse ser iluminada pela lâmpada do Dexter, as ferpas que entravam na carne dos aventureiros eram logo retiradas e a pele curada pelo Paulo, o abafado da casa não era problema nenhum pois logo Aldo pensava no frio e subtamente começava a vir uma brisa confortante pelas frestas da casa. Breno segurava a lâmpada incandescente em sua mão e não sentia porra nenhuma, o calor não queimava. Só tinha o inútil do Periquito ali, sem nenhuma habilidade legal, que não conseguia fazer porra nenhuma a não ser achar que ficava bossal com um pedaço de pau na mão. A vida estava perfeitamente chata naquela casa mau assombrada.

De fato seria muito fácil para todos se pudessem usar seus poderes à vontade, simplesmente parando para dormir. Mas assim como em qualquer jogo que se começa com personagens merda, e em qualquer filme onde o principal normalmente é um ninguém até receber um treinamento, esses rapazes não passavam de novatos, neófitos, calouros nas artes dos super poderes... com excessão do cara que não tinha poderes. Da mesma forma que uma rã entra em água morna e não sente quando ela está fervendo, Brenno, o jovem Rambo, não sentia o calor da lâmpada, não sentia, no passado.

Como um cristal o bulbo caiu no chão e se espatifou. Um som demonstrando dor vinha de Brenno, ele sacudia a mão no ar. "Essa porra me queimou" disse ele sem enxergar nada. Paulo seguiu a voz, "lógico, segurando uma lâmpada, é normal queimar a mão, da aqui.", pegou a mão e começou o seu trabalho. Porém, só começou. "Porra Paulo, não ta fazendo porra nenhuma aqui, Dex acende outra lâmpada aew, pelo menos pra gente enxergar"

— Acho que a gente vai ter que esperar a pupila dilatar, porque eu não to conseguindo acender nada aqui!
— Puta que pariu, vai me dizer que a gente ta ficando sem poderes?
— Calma Suisso, tenho certeza que a gente vai dar um jeito, né galera. — Disse Periquito com um ar de incerteza — Porra, ta muito abafado aqui, não to conseguindo respirar direito.
— Fudeu. — Como a maioria pensou isso nesse momento então não é pertinente esclarecer quem foi que disse isso, apenas é pertinente deixar claro que esse é um pensamento muito comum nessas situações.
— Aí, to começando a enxergar, pelo visto tem uma janela lá na frente — Aldo apontou.
— Bora lá então seus gordo. — Já nervoso Brenno começou a correr. — Caraca, tem sim, mas não aparece lua nenhuma, aquelas núvens ainda cobrem o céu. Aldo faz um esforço aê cara.
— Pô, tu axa que eu já não tentei, pelo menos vamo abrir a janela.

Brenno abriu a janela, e podia ouvir por todo o redor da casa os zumbis grunhindo, caminhando a procura do que comer, uma pena para os rapazes que carne podre não os satisfazia. Ele voltou-se para traz e no fim da sala em que estavam havia uma porta, por esta ele viu um vulto.

— Caralho, não fui só eu que vi aquela merda alí não né?!?!
Se virando para a porta os garotos procuravam assustados, qualquer coisa que se movesse, naquele momento seria o pior momento.
— Periquito segura firme esse pedaço de pau. Aldo, Brenno, Luis, vocês pelo menos podem tentar ir no jiu-jitsu, sei lá, e gordo, esmurra os caras.
— É muito fácil falar né Dex.
— Po, e o que tu quer que eu faça, não luto, não...— Surpreendido por traz, pela janela, uma mão agarrou Alberto, que foi calado logo e jogado para longe.
Aldo foi atraz, pulou pela janela já procurando qualquer pessoa. Um homem, bizarro em sua aparencia, de nariz avantajado, o mesmo do encontro anterior. Do lado de dentro ainda estavam os outros e caminhando calmanente pela porta vinha uma menina, a mesma que Pedro havia encontrado mais cedo.

— Eu não esperava encontrar vocês tão cedo, mas meu "irmão" falou que encontrou penetras, e não pude deixar de suspeitar do otário que veio aqui mais cedo.
— Brenno, vai com o Aldo, a gente toma conta dela. — Gritou Pedro.

Brenno saltando da janela ja foi surpreendido por um soco em seu estomago, o que doeu muito. Enquanto isso, dentro a mulher começou uma investida em cima do grupo.

2 de dez. de 2009

A morte lhe cai bem - I - Da apresentação

Luis estava caído no chão, dois seres que apenas um conseguia enxergar estavam contentados com o susto que ele havia levado. Todos os demais estavam apenas rindo da situação totalmente sem noção que havia se passado. A maioria se lembrou de um respectivo dia, em que estavam todos em Guajara Mirim hospedados no hotel Havana. Mais precisamente de noite, os amigos estavam empilhados em um quarto minúsculo, sem conforto algum conversando e uma das conversas que surgiu foi sobre fantasmas. Seres do além que estão presos a este mundo cujo único contentamento é assombrar seres racionais vivos. Enfim, Luis foi o mais assustado naquela noite, chegou a dormir abraçadinho com o Tucunduva que ainda não tinha ido morar em São Paulo. A cena foi linda, dois marmanjos morrendo de medo, dormindo juntinhos. Justamente isso foi o que a maioria recordou.

Após cessarem os risos, os amigos começaram a raciocinar novamente, perceberam que o local onde estavam não era o mais suscetível a ataques de riso. Luís já estava em pé, falando, supostamente, sozinho. Os outros ainda se recompondo seguiam em direção à porta. Do outro lado desta, havia um rapaz, vestido como os góticos de Porto Velho, que ficavam na pracinha do half antes dela ser reformada. Sua pele era pálida como se não corresse sangue por suas veias.

— Não tenho tempo pra muleques intrometidas na nossa casa, mas por enquanto vou manter vocês presos aqui, até pensar em alguma coisa melhor — Fechou a porta e saiu, podia-se ouvir seus passos ficando mais distantes, sua bota soava ser pesada.

— Aí, esse cara parecia muito com a menina que vi hoje cedo aqui perto.
— Porra será que eles são os tais vampiros que tão atacando todo mundo e controlando os zumbis? — indagou Aldo.
— Pelo visto sim! Mas, e agora como a gente sai daqui?
— Aff, eu não tenho a minima idéia, eu só não quero é ficar trancado aqui cheio de coisas macabras. — Suisso reclamou.

— Mas você é o único que pode tirar todos daqui. — Falou Ana se dirigindo para o assunstado.
— É. Só você conseguiria abrir a porta pelo lado de fora — Mayc incentivou-o — nós dois até pode sair, mas a gente não conseguimos girar a maçaneta.

— Como é? Eu posso sair daqui? Tipo um fantasma atravessando paredes? — Falou Luis sózinho.
— É! Esse é o seu poder, você tem poderes tipo os nossos, só que você não tá morto.
— E como é que vocês esperam que eu atravesse essa porta?

— Oh Suisso, para de falar sózinho aê e vem cá tentar arrombar esse porta com a gente. — Chamou o Gordo, já assumindo que o amigo estivesse louco.
— Pera aí porra, num vê que to falando com uns fantasmas aqui caralho.
— Dexa ele lá, essa porta nem é tão grande assim pra escorar tanta gente nela. — assumiu Periquito.
— Vamo lá galera, um, dois e... — Pedro, Aldo, Brenno e Paulo foram correndo de encontro com a porta.

Alguns instantes depois só se ouvia três marmanjos reclamando da batida no ombro, o único que não sentiu nada fora Brenno, que já tinha percebido a tempos seu "poder". Ela ficava pensando algo mais ou menos como: "ohhh que maravilha, eu não sinto dor, nem pra eu voar, ou ter uma super-força, atirar laser pelos olhos, porra. Tinha que ser algo tão inútil quanto não sentir dor!". A porta não chegou nem a vibrar.

— Então pessoal, lembra que ontem o Dex tava em cima de mim, aí ele caiu no chão e o controle caiu na cara dele.
— Tu jogo aquele controle na minha cara deu filho da mãe, ele não caiu simplesmente não.
— Ai meu ovo esquerdo. Alberto, vai enche o saco da mãe vai. Então vocês lembram pelo menos que o Dex passou direto por mim?
— Ta, ta, a gente lembra sim.
— Então, tem dois muleques mortos aqui, me dizendo que do mesmo jeito eu posso passar pela porta, e abri-la do lado de fora. Eles saíram e viram que a porta só dá pra abrir por lá.
— Porra então ta esperando o que? Vai lá abrir a porta, melhor do que a gente ficar aqui fudendo o ombro. — Aldo reclamou, logo depois chegou Paulo, colocou a mão no ombro dele e o cabeçudo não sentia mais dor nenhuma — Opa, valeu Gordo, seu biba.

Luis se aproximou da porta, tocou-a com a palma de sua mão direita, aproximou o ouvido esquero da madeira e bateu nela com a mão esquerda. Toc, toc, toc. "Nem parece tão difícil assim de arrombar". Voltou-se de frente pros amigos, e chamou-os de fracos. Começou a ouvir o que os dois garotos diziam para ele.

— Quando a gente quer atravessar uma parede, primeira a gente precisa de atenção, não é só passar pela parede que nem "ghost".
Ana começou a falar animada — Aih, esse filme é tão bonitinho, aquele tal de "amor além da vida"?! Ahhhhhhhh!.
— Aff Ana, cala a boca se não for ajudar ele, porque aí, depois ele não ajuda a gente.
— Ta bom Mayc, unf! — disse a menina emburrada.
— Onde eu tava?

Do nada Luis solta umas palavras altas — na parte da atenção! — Os outros já nem prestam atenção nele, ficam tentando bolar um plano para arrombar a porta.

— Ahhh sim, atenção, então fica atento, percebe o que ta a sua volta. Quando a gente morre, a gente volta pra natureza, viramos parte do espírito dela, então você tem que se ligar a natureza, virar um com ela e perceber ela e você como um só.

Luis começou a ouvir o vento do lado de fora, o barulho da copa das árvores se remexendo, os ruídos de dentro da casa.

— Depois de sentir a natureza em volta você tem que sentir o objeto que você quer atravessar, com o tempo isso fica mais rápido.

A ponta de seus dedos tocavam a porta, madeira fria, dura, densa. Começava a sentir ser corpo frio, ouvia também gritos ao longe, pessoas agonizando, hollows morrendo.

— Com calma empurre-se pra dentro da porta até chegar do outro lado.

Foi forçando seu dedos na porta, esses foram entrando na madeira, logo seu braço ja estava pela metade, todos perplexos com aquela visão, afinal o Suisso tava entrando na porta, isso não era algo que se via todo dia. Luis desapareceu da visão de todos, só se ouviu o barulho da tranca da porta sendo destrancada. A porta se abriu e todos entavam enfim livres.

— Eu falei que vocês eram fracos, haha! — debochou Luís na cara de todos os outros ainda boquiabertos.