6 de jan. de 2010

A morte lhe cai bem - III - Luta

Estava tudo escuro, negro. No céu as núvens demonstravam a ira de Zeus fosse ele real. Luana dirigia seu carro, preocupada com seu amor. Sentia uma enorme aflição, uma pontada no peito a incomodava. Sabia que algo não estava bem com o rapaz que tinha dominio sobre seu coração. Pelo caminho que seguia, ficava assustada com trovões estrondosos e corpos em decomposição espalhados pelo chão. Sabia para onde estava indo, sabia que não era seguro, nem mesmo para Brenno, então por que seria seguro para ela? Estava só no carro, seguia sem nenhum monstro a lhe seguir, alguns zumbis estavam alí, ela os atropelava facilmente, nada que fosse atrapalhar sua ida até o casarão.

Brenno após o violento golpe no estômago se ajoelhou e apoiou uma das mão no chão a outra na barriga, respirou fundo e tentou se concentrar para não sentir a dor, nada humano bateria tão violentamente sem impulso suficiente, um cara tão esguio não pode ser tão forte.

— Vocês estão atrapalhando o seguimento natural das coisas. Só o mestre poderá comandar de agora em diante, e vocês não ficarão no caminho. — O gótico levantou sua perna como se fosse pisar em Brenno, porém foi surpreendido por Aldo que pulou em cima dele, puxando-o pro chão.
— Vem pra cima, otário. Aqui você não vai conseguir sair. — Preparando uma chave de braço, Aldo já tinha pensado em todos os movimentos necessários para finalizar aquele ser não mais desse mundo. Passar a guarda, raspar, montar, pegar o braço e pronto, caso desse errado ele saberia exatamente como mudar efetivamente para outro golpe, um triangulo naquele homem sem técnica nenhuma de luta seria algo mole.

Alberto se levantou no mato, sua cabeça doía muito. Sua visão ainda estava turva. Pensou um pouco sobre a sua perda de poderes. "Uma lâmpada não consome tanta energia assim!". Sua visão foi melhorando, percebeu melhor o que estava acontecendo, à sua frente via a briga, Aldo ja havia dominado o oponente, Brenno estava ainda ofegante. Ao lado viu os automóveis. Um carro e uma moto, isso poderia ser útil. Uma pena que tivessem alguns mortos vivos rondando por ali. "Eu preciso de um plano." Era a única certeza que tinha.

Pedro, Luis e a parede, digo, e Paulo estavam com muitas dificuldades dentro da mansão. Aquela mulher não era uma pessoa ordinária, tinha força sobre humana e uma sede por sangue que só os que se alimentam dele podem sentir. Uma sede real por sangue. Assim que ela começou a correr em direção ao pessoal Paulo resolveu tomar uma atitude, percebendo que ele era o mais forte dos três ali, entrou na linha de ataque da criatura sombria, armou a defesa e os dois foram de encontro. Gordura não serve só como isolante térmico. É muito eficiente como amortecedor também. Ainda assim a força da investida foi tamanha que levou Paulo ao chão. A menina ficou setada em cima do Gordo, com suas mãos fechadas começou a esmurrar o rapaz. Pedro pegou o taco em sua mão e mirou bem na cabeça dela, com toda a sua força goupeou, a madeira virou estilhaço no impacto. Enfurecida a mulher olhou para Pedro e pulou em direção a ele, gritando. Felizmente foi surpreendida. Paulo a segurou pelo pé e a puxou para o outro lado. Luis já preparado para isso chutou a cara dela. As coisas pareciam estar sob controle lá dentro, no entanto Periquito saiu correndo à procura de algo que pudesse usar. Paulo e Luis lutavam bravamente contra aquela criatura cheia de fúria.

— Seu idiota, acha mesmo que é mais forte do que eu. Você não vai conseguir quebrar nenhum osso meu.
O sugador de sangue que combatia Aldo segurou-o com os dois braços e com a maior facilidade quebrou a guarda inquebrável do cabeçudo. Aldo perplexo se levantou e ficou em posição, preparado para voltar ao combate corpo a corpo.

Brenno, vindo por tras dele, dominou os braços do rapaz, Aldo que observava o agarrão sem demonstrar isso pro narigudo se aproveitou e pulou nele, pegando a guilhotina. Aquilo já não dependia só da técnica de Jiu-Jitsu dos garotos, mas também da força bruta. Brenno aproveitava para fazer torturas com o cara.

Alberto sabia que ainda restava energia dentro dele, enquanto ele respirasse ainda tinha esperanças. Estranhamente os zumbis viraram-se para tras, indo todos em direção a um outro carro que se encaminhava ao local. Dex aproveitou a situação e foi correndo para o carro.

Luana não estava mais nem aí, eram corpos podres que não tinham um pingo de vida, de sentimento, de vontade, ela não. Ela estava cheia de vontade, queria estar junto do Brenno, e mesmo com aquelas dezenas de zumbis vindo em direção ao seu carro, pisou fundo. Strike. Eles foram arremessados feito pinos de boliche, todos cairam definitivamente mortos. Mais mortos do que já estavam. Viu Alberto correr e entrar em um carro, parou do lado.

— Abertinho, o que ta acontecendo?
— AAAhhhh, a chave, cade a chave? Não acredito que o Paulo tirou a porra da chave.
— Alberto, ta me ouvindo? Me conta o que ta havendo.
— Luana!!! Ainda bem que você veio, ajuda a gente. Ta vendo ali do lado. Ta o Brenno e o Aldo lutanto contra um cara.
— Ai, to sim. O que eu tenho que fazer?
— Eu tava pensando em atropelar ele. Mas o Brenno e o Aldo tem que sair da frente. Você pode avisar eles que eu vou fazer isso?
— Ta certo, to indo.

Luana desceu do carro e foi correndo em direção aos amigos. Alberto deu um tapa na cabeça.

— Puta que pariu, eu devia ter ido avisar e ela atropelava os caras. Cade a chaveeeeeeeeeeeeeee. — Ouviu-se só um barulho de ignição.