24 de jan. de 2009

O que é filosofia?

Essa pergunta me era comumente feita durante os cursos pré-vestibular pelos outros estudantes. Não é de se admirar o espanto de todos os outros ao descobrirem que o curso que eu pretendia prestar o vestibular era um que, segundo eles, não junta lucros e não tem função na sociedade. Simplesmente, pra que serve a filosofia? Eu ser filósofo significaria, para os desinformados, que eu deva passar fome pro resto da minha vida, enquanto uma pessoa que faça qualquer forma de engenharia esteja prometida a trabalhar muito lucrativamente, na maioria das vezes como uma aprovada em concurso público. Essas pessoas se esquecem do porque surgiu a sua ciência, quando, como.

Caso não fosse o questionamento filosófico, o inconformismo com as atuais respostas deste e daquele tempo, ninguém procurária entender o por quê de todas as coisas. Imaginem o mundo hoje sem a química de Leucipo, a matemática caso não houvesse Pitágoras ou Tales de Mileto, estes dois últimos tidos apenas como matemáticos, mas esquecem que eram filósofos reconhecidos. Não estranhamos hoje que tanta gente não saiba sobre filosofia grega estudada e práticada por nós, quando entramos em livrarias e procuramos nas seções específicas desse estudo, encontramos livros sobre Thai Chi, budismo, espiritismo, não observando que talvez no fundo da prateleira encontra-se um ou dois livros sobre a filosofia a qual estudamos no ocidente.

A explicação pelo mito foi sempre a mais aceita pelos povos, pois o mito eram deuses ou deus. Alguém laico passa a questionar essa responta e procura a sua própria sobre, por exemplo, a origem. Mas a explicação do homem não tem a força da explicação de Deus, necessitando de uma prova. As respostas filosóficas só conseguem uma prova a partir de outra resposta filosófica, influenciando para seu próprio avanço rápidamente. Os sabios filósofos, são tidos hoje como simples sábios, que não tem nada a adicionar ao nosso dia a dia, mas esquecem-se do como o mundo ocidental avançou muito mais rápidamente que o orental. Elaborou teorias físicas, biológicas, psicológicas, políticas, econômicas, entre muitas outras. Tudo isso relacionado com o tipo de pensar do ocidente, ou seja, a filosofia.

Conformismo é sinônimo de estagnação. Com o questionamento filosófico existe a eterna possibilidade da mudança.

1 de jan. de 2009

Descobertas - II

— Ai, porra Suíço! Pra que me jogar no chão cara.
— Mas eu não te joguei no chão, foi meio estranho, como se você passasse através de mim. To até meio tonto.
— E pálido — Logo completou Luana.
— Mas não foi o Suíço mesmo não cara, tipo, ele ficou quase invisível.
— Mas como esse infeliz ficou invisível Brenno? — Alberto perguntava indignado, com a mão na testa. Sua testa estava começando a ficar roxa por causa do controle que veio de encontro com sua cara.
— Vai ver esse é meu poder! Ficar quase invisível. Vai ver foi por isso que vi um monte de fantasma macabro. Cada coisa horrorosa cara!
— Amor, pega um gelo para o Albertinho, depois isso fica um roxo imenso e vai parecer que ele tem um chifre na cabeça!
— Vai la unicórnio. — Suisso sacaneou.

Uma buzina começou a soar, a mesma buzina chata de antes, e claro que o único infeliz que podia ser era o Periquito. Brenno estava na cozinha pegando o gelo, enquanto Luis fôra abrir o portão. Pedro não quis nem entrar, na pressa apenas chamou o pessoal para acompanha-lo. Estacionou a moto e foram todos em direção ao parque descendo a rua.

— Cara, vamos nessa, teve um acidente feio la na rua abaixo e a gente teve que parar, achamos que seria melhor pedir ajuda, mas estavam todos muito assustado ainda com o incidente.
— Vai dizer que não tinha nenhum curioso na rua! Ninguém lá pra ver o acidente? É ruim em. — Alberto com seu tom sarcástico máximo ironizou a população.
— Sei lá cara, se essa chuva nos mudou, deve ter mudado toda a população. Mas voltando ao assunto, achei mais pratico chama-los ao invés de esperar alguém aparecer na rua. O Gordo ficou lá ajudando os feridos.
— Miúdo e sua medicina. — Desta vez Suíço ironizou o amigo.

Chegando lá, o grupo todo avistou um ônibus tombado e dois carros muito destruídos, caso ainda estivesse chovendo, aquilo seria a perfeita visão do apocalipse. O celular de Brenno começou a tocar, enquanto todos os outros, observando a cena de caos decidiram ajudar logo a esperar o amigo atender o telefone. Um dos carros estava com a traseira e a frente completamente destruídos, o que fez com que parecesse uma gaiola sobre rodas. O segundo carro não tinha mais teto, e uma das rodas havia desaparecido, ainda assim os dois pareciam estar com perda total, caso não fosse, o concerto sairia tão caro quanto um novo, usado, porém novo.

— Fala cabeçudo.
— Aí Brenno a água já baixou um pouco aqui acho que da pra ir sem problemas! beleza?
— Cara, eu não to em casa agora não mas chega aí, quando você chegar me da um toque que eu te aviso como chegar aqui, vou ali ajudar o pessoal. Falou cara!
— Falou, até logo.

— Ei, põe os feridos pra cá enquanto eu vou dando uma olhada neles. — Paulo comandava o grupo.

Todos ali dispostos a ajudar, retirando os feridos das ferragens. Urros de dor eram ouvidos durante todo o momento, rostos cobertos por sangue por todos os lados. Alberto e Luana trabalhavam juntos auxiliando Paulo, este observava os feridos e fazia os primeiros socorros enquanto os outros três carregavam os feridos das ferragens para o local onde Paulo os assistia.

Dentro de um dos carros havia uma criança, muito assustada e chorando muito. Seus pais que estavam no banco da frente já haviam sido movidos para o local estipulado, Brenno toda hora que chegava no local tentava reconfortar a criança: "Fica calmo, ok", "vai dar tudo certo, a gente vai conseguir tirar você daqui.", ou até "olha seus pais já tão sendo cuidados pelo nosso amigo, fica calmo que eu te tiro daí." Enquanto tentava mover as ferragens, percebeu que não iria conseguir mover nada por lá. Olhou em volta, pegou um cano e o encaixou nas ferragens, moveu-o como uma alavanca e conseguiu abrir espaço.

Entrando no carro, ouviu um barulho semelhando ao de um pano rasgando-se. Chegou perto do menino, ainda muito assustado e pegou-o no colo, levando-o em seguida para perto de seus pais desacordados. O garoto em estado de choque olhava para os pais e gritava alto, tão alto que doía nos ouvidos de todos, menos nos de Brenno.

— Alguém põe uma mordaça nesse garoto. — Gritou Luis.
Pedro chegou perto de Brenno e arrancou o pedaço de blusa rasgada de suas costas e amarrou no garoto — Pronto, agora a gente pode trabalhar sossegado, e vê se para de gritar moleque. — Falou o rapaz com uma cara assustadora para o garoto, como se ele não estivesse assustado o suficiente — Ô Luana fica aqui de baba desse garoto.
— Que isso Pedro, ta muito estressado pro meu gosto viu.
— Ah moleque chato, a gente aqui tentando ajudar e ele atrapalhando.
— Ta bom, volta lá a trazer o pessoal, eu tomo conta dele.
— Luana não deixa ele perto dos pais não, vai lá pra quadra com ele, sei lá — indicou Paulo que voltava sua atenção para os feridos — Aproveita e me da essa mordaça aí, que eu posso usar.

Luis que estava dentro do ônibus via uma cena nada confortante, no fundo do ônibus havia um senhor de idade caído na janela, ao seu lado estava uma imagem desse mesmo senhor observando seu corpo caído no chão. Assim que Luis viu essa cena, ele não pensou duas vezes e saiu correndo do ônibus.

— Caralho velho, tem fantasma lá. Um velho. Tava olhando lá. Caído. Cara. Velho.
— Calma Suíço, tu ta pálido cara, respira e diz aí o que foi — Brenno tentava acalmar o amigo.
— Bicho, eu não entro naquele ônibus nem a pau. Tem um homem morto lá e do lado dele o fantasma dele olhando pra ele.
— Que isso Suíço, tu ta é doido. Eu vou lá ver isso no ônibus, enquanto você fica aqui ajudando os outros, falta bem pouca gente, só mais 3 ou 4, que são os que tão no ônibus, eu pego.

Luis seguiu para ajudar o Paulo enquanto Brenno e Pedro seguiram para o ônibus. Entrando no ônibus não viram nada, apenas o velho caído, mas nada de fantasmas, ainda assim Pedro insistiu em dizer que sentia que ali tinha alguma coisa, algo fraco que os observava. Ouvindo os pedidos de ajuda, os rapazes se conscientizaram que ainda haviam alguns acidentados a ser socorridos e voltaram ao serviço. Não demorou até que todos estivessem reunidos.

— Um morto, onze feridos e uma criança ok. — Contava Alberto.

Paulo já passara para o quinto ferido, quando o primeiro levantou. "Parou de doer." Falava o homem com um rosto sereno, como se tivesse encontrado uma luz e voltara. Seus ferimentos mais leves estavam aos poucos cicatrizando, mas muito mais rápido do que se fosse natural, alguns até suspeitaram que ele teria poder de se regenerar, quando a segunda pessoa levantou na ordem em que Paulo fez os primeiros socorros. Esta segunda pessoa, era uma mulher, e estava muito mais assustada que o primeiro, mas ainda assim disse também que não sentia mais dor, e foi assim com a terceira, o quarto e assim por diante. Todos levantaram-se na mesma ordem em que Paulo cuidou deles. Isso levou todos a acreditarem que o Gordo não só estava indo bem na faculdade de medicina como também ele possuía poderes de cura.

O celular do Brenno tocou uma vez mais. Ele indicou para Aldo como chegar até onde eles estava e logo o sétimo integrante se reuniu ao grupo.