3 de jun. de 2011

Vigilia do sono

A noite passa lentamente para aqueles que anseiam logo pelo seu fim. Imagine como deveria ser para Periquito, que além disso desejava logo a chegada da próxima noite. Ele não conseguia dormir, e jogar Fly4Fun não parecia satisfazer-lhe. Sua gaveta chamava sua atenção, não tirava da mente que era nela que estava guardado o caderno. Nem prestava atenção no jogo, nem na televisão e muito menos na música que tocava. Era estranho que tudo na cidade havia mudado mas haviam certas tecnologias que ainda eram muito presentes na vida das pessoas; computadores, celulares, televisores, enfim uma série de coisas que hoje são "necessárias" para viver em sociedade. Mas todos estes ítens nesta noite foram se modificando.

Pedro estava muito incomodado com a mudança no mundo não ser completa. "Não pode haver meio termo, seremos verdadeiramente livres das correntes virtuais que nos prendem a essa perda de valores e seguiremos numa vida civilizada e harmoniosa". Isso foi o que Pedro escrevêra no caderno sem nem se dar conta do mundo externo à sua volta. Quando Nathalia se deu conta de onde Pedro estava a escrever já era tarde mas ainda assim ela pôde contatar o amigo.

Um toque nostálgico soou no quarto de Periquito, um telefone muito antigo tomou o lugar de seu telefone no quarto. Seu celular? Este tomou a forma de um kit (uma incrível mini fogueira com seu isqueiro e tapete para fazer os sinais de fumaça com maior qualidade, compre já o seu). Pedro com certeza estranhou o toque que o havia despertado de seu transe. Mas ele sabia que aquilo era um telefone, mesmo parecendo uma peça de museu amish.

"Porra Piriquito, o que foi que você escreveu nesse caderno?" Nathalia estava furiosa ao telefone.
"Não sei, tava aqui sonhando acordado... Você já conseguiu dormir de olhos abertos? Essa foi minha terceira vez - pelo menos a terceira que percebo".
"Pedro, foco aqui. Tava numa boa monitorando sua insonia quando a minha televisão virou um espelho mágico, o computador parece um baú mecânico que solta mais fumaça que a primeira locomotiva da estrada de ferro madeira mamore, e nem me faça falar do meu celular. Leia logo a merda que você escreveu nessa bagaça".
"Hum, deixa eu ver aqui...". Pedro deu uma olhada pelo quarto mas estava difícil de ver pois a luz do lampião que agora iluminava seu quarto era muito fraca. "Ah achei. Er... Isso aqui não foi muito bom não. Tem certeza que quer saber?"
"Anda logo Periquito".
"'Não pode haver meio termo, seremos verdadeiramente livres das correntes virtuais que nos prendem a essa perda de valores e seguiremos numa vida civilizada e harmoniosa'. Mas eu não me lembro de ter escrito isso não. Ih". Isso só podia significar uma coisa para Pedro. Era ele de fato que estava causando aquelas mudanças, como prova ele tinha anotado e presenciado a última delas. "Isso deve significar que o Luis não precisa mais vir aqui amnhã. Já temos a resposta".
"Claro que não Piriquitu. Isso só quer dizer que você tem poder para fazer essas mudanças. Mas você usou o seu próprio caderno e não um outro que talves contenha as mudanças que ocorreram antes. O Suisso ainda vai aí amanha e vamos ainda descobrir mais coisas".
"Isso é um grande alívio. Parece que a câmera transformou-se em um olho engarrafado... Você ainda consegue me monitorar?"
"Conigo sim. O que era tecnologia parece ter se tornardo alguma espécie de magia. Mas ainda mantenho contato com esses ítens. Tenho que repensar agora como vou fazer um comunicador para o Luis. E você, vá dormir, já está muito tarde e eu também estou com sono. Boa noite".
"Bem, estou sem sono ainda. Mas mesmo assim, boa noite".

E assim mais modificações foram acontecendo na fabulosa terra de Rondônia e mais uma noite chegava ao fim, com uma pessoa que não conseguiu dormir e ficou lendo um caderno que não conseguia entender.