4 de set. de 2009

A Sociedade da Calçada - III - A decisão

— Porra cara, isso faz todo o sentido com o que aconteceu comigo hoje de manhã. Agora sim eu entendo quem, ou o que, era aquela filha da puta que falou comigo lá pro lado do cemitério do St. Antônio.

Pedro falou tudo, explicou o porquê de ter acordado tão cedo e o que decidiu fazer, falou de seu combate, de como se sentia. Todos na sala sentiram que ele exagerou bastante na sua narrativa, mas fazer o que? Cada um conta a história da forma que lhe convém. Logo após sua declaração Alberto também comentou sobre suas descobertas. Muitos debocharam de início, “pô Alberto, jogar Naruto?”, “não tinha nada melhor pra tentar não?”. Como toda conversa tem seu momento de distração, os amigos riram um pouco se divertiram e logo Dex mostrou a eles, apenas falou “olha só então!”, e logo a TV ligou na frete de todos, e para a surpresa da maioria, o controle não estava na mão do Suisso. Qualquer um que olhasse para a TV veria logo acima dela o controle remoto, ali, parado sem ninguém por perto.

Quando perguntaram pros demais o único que pareceu ter algo a acrescentar foi Luis, com seus sonhos macabros, e sensações estranhas a toda hora. Ele se sentia como o garoto do “Sexto sentido”. Para onde olhava via algo, já havia chegado a um extremo mesmo tendo se passado apenas um dia, as coisas estavam acontecendo muito rapidamente. Luis olhava pra eles, de início assustado, agora ele nem encarava, fingia que eles não estavam ali.

— Ta certo, então acho que chega de conversa né, vamos lá no St. Antônio então ver essa porra de perto — falou Brenno, e logo Aldo também concordou.
— Po cara, não vamo fica de frescura não, vamos logo pra essa bagaça e resolve tudo lá.
— Mas pessoal, mesmo que nós tenhamos poderes, ainda não sabemos usar, o único que a gente sabe que consegue usar bem os poderes é o Dex, e isso por causa do vício dele em Video Games — Falou Pedro com uma voz calma como um paladino se dirige ao seu grupo, ou como um clérigo de uma divindade boa soaria com toda sua sabedoria.
— Acho que a gente vai ter é que aprender na marra, pois tempo não é o que temos sobrando. — Paulo declamou.

Logo tudo foi acertado, Pedro pegou sua moto, ainda havia um capacete com ele caso alguém tivesse interessado na carona, os outros se entreolharam com um olhar específico que dizia “quem é o suicida que vai pegar carona com ele?”, haviam carro de sobra pro pessoal, então Pedro seguiu em sua moto, enquanto os outros seguiram em um carro todos juntos.

Antigamente em Porto Velho tudo parecia longe, falar em ir para o quinto BEC então era loucura, você ia demorar muito tempo, a cachoeira do Santo Antônio fica a kilometros das casas deles, hoje a distância ainda é a mesma, fisicamente, mas de alguma forma, talvez devido ao crescimento tanto da cidade como desses heróis que um dia já foram crianças, a cidade perece ter ficado pequena, as coisas são mais perto, e muito mais perto agora que todos possuíam carteira de motorista. Hoje não existe de fato nada tão longe, nem mesmo a casa do Aldo, apesar de quase todos discordarem disso.

Logo chegaram à rua que leva para a cachoeira, e a mesma nuvem negra que estava lá pela manhã, quando Periquito decidiu se aventurar, ainda estava lá hoje pela tarde, ainda aquele sol de rachar num lado da rua e no outro, escuridão total. Periquito lembrou a todos dos supostos zumbis que estavam habitando aquela região agora sombria. Pedro estava acompanhando o carro pelo lado direito, conversando com o pessoal do lado do passageiro, enquanto gordo dirigia do outro lado. Do nada, enquanto Paulo se distraiu um pouco com a conversa, algo bate no pára-brisa do carro, por sorte não foi com força para quebrar o vidro ou amassar o carro, mas ainda assim foi com força suficiente para deixar uma grande marca de sangue.

— Que porra foi essa Gordo? Para o carro!
— Não galera, não para, vamos seguir eu vou dar uma olhada com a moto vocês seguem — Periquito virou sua moto e voltou um pouco, viu um corpo caído no chão com o pescoço quebrado, e a pele apodrecendo, começou, os zumbis já estavam iniciando seu ataque.
— Caralho velho, que merda foi aquela, o Periquito já ta voltando — disse Brenno olhando no retrovisor.
— Pessoal vamos em frente não parem a não ser que a gente passe do cemitério. Eles já sabem que estamos aqui.

O carro seguiu, Paulo acelerou e Pedro preferiu seguir o carro por trás, enquanto Paulo acelerava, ele ia apenas acompanhando a aceleração. Muitos zumbis começaram a aparecer pulando da mata para cima do carro, Paulo não estava nem aí, ia atropelando tudo que aparecia. Nesse momento apareceu um cara, com terror em suas feições, acenando freneticamente as mãos e gritando “Socorro, por favor, ajude-me eu...” e Paulo o atropelou sem nem imaginar que fosse um sobrevivente. Quando os corpos não eram jogados para fora da pista, Periquito passava por cima deles tal como o Gordo estava fazendo, infelizmente Pedro quebrou um braço e umas costelas desse cara.

Uma curiosidade é que enquanto Paulo atropelava os corpos, eles caiam nos buracos das ruas, tapando os buracos melhor que a prefeitura o faz com asfalto na “Costa e Silva”, e Pedro nem sentia direito os corpos, como a suspensão de sua moto era muito eficiente parecia que a estrada era novinha em folha. Passaram ao lado do cemitério atrocidando tudo que vinha, e Periquito observou em pé ao muro estava a mesma mulher, que num pulo seguiu em direção ao casarão. Ele acelerou a moto e juntou ao lado do amigo, “vamos para o casarão, é lá que ta o problema”.

Seguiram para o casarão, e lá a coisa realmente parecia feia, saíram do carro e Pedro desceu de sua moto, ainda carregando os capacetes, sem galho nenhum dessa vez. O portão estava aberto, e a porta não parecia trancada, ao redor começaram a aparecer zumbis, de todos os lados, pulando o muro ou correndo tanto quanto os doentes do filme extermínio, ou madrugada dos mortos. Brenno havia aberto sua porta e estava esperando todos saírem do carro para acompanhar o pessoal no caminho para a porta, quando um zumbi pegou seu braço e foi morder, mas aparentemente os seus dentes estavam tão podres que se partiram assim que encostaram no jovem Rambo não deixando nenhum arranhão nele, logo atrás veio Pedro com seu capacete na mão levando-o direto a cabeça do ser possuído, virou estilhaço, nada ia sobrar de vida naquele corpo, só lhe restava a morte.

— Anda logo vocês dois — gritou Alberto já nervoso com a situação — ou vocês querem morrer aí?!

Os dois correram em direção a porta já aberta pelos outros e entraram no casarão, logo fechando a porta e segurando firme, para não deixar nada entrar, Luis procurou algo para bloquear a porta e achou um pedaço bem grosso de madeira, que deixou na maçaneta e logo mais uma estante que conseguiram pegar para bloquear a porta. Agora já estavam protegidos do que estava ao lado de fora, o problema seria com o que estivesse do lado de dentro. Alberto acendeu uma lâmpada, provavelmente a única que ainda funcionava no lugar inteiro. Agora não tinha mais volta.

3 comentários:

Dexter disse...

HUNTING TIMEEEEE!!! (tradução: to lendo ainda pera ^^)

Dexter disse...

hohoo bacana esse. muitas coisas pra citar nesse eps entaum vo pra mais importante... A casa do Aldo ainda é longe aeuhauehaueaheu.

Brenno disse...

só n entendi o sentido de matar um homem inocente pedindo socorro...
oO
periquito sanguinário