A CHUVA - II

"Que chuva horrorosa é essa". Era o que pensava Periquito enquanto jogava no seu wii. Prestes a destruir o Senhor de Todo o Mal em um dos seus jogos, estava apenas fazendo as checagens finais e prestes a mandar seus aventureiros para a viagem.

Nada podia ser mais importante naquele momento, tudo o que ele tinha que fazer era apertar um botão. "A". Feito isso só faltava ir dormir e esperar os relatórios confirmando a morte do último chefão. Até que ele viu o clarão la fora, mesmo com a cortina fechada o feixe de luz era tão grande que ainda assim foi visto dentro de seu quarto.

"Não. Não, não, não, não. Por que?" Questionava-se Pedro, ao ver que a energia acabara, e justo enquanto estava salvando o jogo. Perdera tudo, dias passados a fio jogando, prestando atenção a cada detalhe dos seus aventureiros, melhorando-os. Investindo no seu reino. "Por que?" repetia Pedro mantendo uma longa entonação no final da pergunta.

"Se não fosse essa chuva infernal, eu teria terminado o jogo, completado todas as quests, todos o itens possíveis pegos. Nada mais precisaria ser feito." Enquanto ficava se lamentando um estrondo do lado de fora o impedia de ouvir o próprio lamento, o que o deixou curioso. Enquanto ia em direção à janela para ver o que acontecia do lado de fora do seu apartamento o chão começou a tremer.

"Ta certo, isso só pode ser um sonho. Acorda Pedro, acorda rapaz. Pera aí, se eu estou sonhando e sei que to sonhando então eu posso fazer qualquer coisa, já que o sonho é meu." O desespero por causa do jogo já estava fazendo o Periquito perder a cabeça, já não tinha noção do que era real e irreal. Apesar das cenas do lado de fora, tais como carros virados, árvores desaparecidas e destroços por toda a parte do seu condomínio, aquilo era real. Pedro já havia presenciado uma cena parecida quando era mais novo, tirando as imagens dos carros virado e o clarão ao longe como se tivesse um incêndio ao longe mesmo com uma chuva daquelas.

"Ta certo, isso eu tenho que checar mais de perto" falava Pedro enquanto pegava sua jaqueta e seu capacete, indo em direção à sua moto logo em seguida. Sua moto também estava tombada, como a maioria dos automóveis ali presentes, mas não foi preciso muito esforço para levanta-la, o que ele estranhou com certeza. Subiu na moto e ligou, saindo pelo portão, se é que existia ainda um portão ali, o mais rápido que pôde.