22 de set. de 2008

A CHUVA - VI

Não havia nada melhor para se fazer durante um temporal daqueles senão ficar junto de alguém que você goste muito. Era o que fazia Brenno. Estava aproveitando ao máximo o barulho de chuva enquanto se abraçava à Luana. Nada haviam para falar um ao outro a não ser ficarem ali, abraçados e se gostando.

As luzes do quarto já apagadas e as únicas coisas naquele quarto que pareciam consumir energia eram: o ar condicionado e os dois gastando suas calorias. Mesmo com aqueles sons apocalípticos do lado de fora da casa, nada parecia incomodar o casal que estava quieto e calmo como o entardecer em uma ilha deserta.

Aquele casal era o completo oposto do que acontecia pela cidade nesse exato momento. A ventania soprava forte na parede de sua casa, assobiava como fãs frenéticos de uma banda prestes a começar um show. Só houve um momento em que o quarto se iluminou, e foi logo antes de o ar condicionado parar de funcionar. O casal parou por um tempo e ficou se olhando com ar confuso. Quando foram começar a conversar para falar o quão estranho esse clarão foi tiveram que esperar mais um pouco.

O chão começou a tremer e a estante de livros acima deles tremeu junto, com todos os intocáveis indo para frente e beirando à queda. Brenno observando tudo ficou por cima da namorada enquanto todos os livros caíam. Com todo o tremor a estante também caiu em cima dele, e um vaso que estava numa mesinha ao lado caiu no chão e se partiu. Após toda a confusão ele se levantou e perguntou à sua namorada se estava tudo bem.

— Acho que sim, mas e você, essa estante deve ter doído — respondeu Luana enquanto se levantava também, mas sentiu um corte no pé e logo voltou a sentar.
— Nossa nem reparei nesse vidro quebrado aqui no chão. Vou pegar um pano, ainda bem que o corte foi pequeno — disse Brenno e logo saiu do quarto. Voltou logo com um pano úmido, e reparou no estrago que tava o quarto — Nossa esse quarto parece as trevas, mas nem da pra ver direito com toda essa escuridão.

Entregou o pano para a Luana que limpou o ferimento mas percebeu que foi apenas superficial, não tendo que se preocupar com nada. Foi carregada pelo namorado até a sala onde a iluminação dos relâmpagos era o suficiente para perceber que o namorado não tinha nenhum arranhão e nem reclamava de nenhuma dor. Indo para a parte de traz de sua casa dava pra observar bem a tempestade mas olhando bem ao sul ficava aquela luz forte entre as nuvens negras, dando a entender que talvez a chuva fosse acabar logo logo.

14 de set. de 2008

A CHUVA - V

Logicamente que uma chuva horrenda dessas parecia mais coisa de filme de terror. Com certeza alguém já havia pensado nesse fato, inclusive um rapaz que vivia em uma casa simples e estava apenas assistindo TV.

Realmente era de se impressionar que àquela hora do dia já aparentava muito tarde, sem falar de toda a barulheira que aquela chuva fazia. Parecia mais a bateria de uma banda que só tem crianças fazendo barulho.

Na TV passava um programa qualquer com mulheres gostosas rebolando de biquine, e gente gorda fazendo comentários sem graça com risos forçados. Àquela hora do dia. Era assombroso ver a banalização dos canais televisivos, onde a qualquer hora passa qualquer coisa, independente da classificação etária.

Enquanto assistia à televisão a imagem começou a chiar, e ficava cada vez mais difícil ver as bundas de biquine. "Ah meu ovo esquerdo". Reclamava Luís, enquanto se levantava pra arrumar a antena que ficava acima da TV.

Enquanto girava o botão da antena a imagem piscava, mudando o tipo de defeito, do chiado alterava para aquela imagem que fica eternamente subindo, depois eternamente descendo, da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, voltando ao chiado após dar uma volta completa no botão. Nada parecia resolver, quando subitamente a imagem voltou mas não era o programa que ele assistia.

Na televisão tinha uma imagem em preto e branco, na imagem apareciam vultos brancos, cerca de seis ou sete vultos começavam a sair do monitor. Gritavam como se fossem Hollows, seus gritos assustavam Luís ainda mais do que a própria imagem. Luís, perplexo, observava a imagem afastando-se do aparelho. Um raio disparou nos céus iluminando toda casa, uma das visões segurou-o e continuava a gritar. Assim que o relâmpago se foi todas as luzes de sua casa se apagaram desaparecendo com elas os monstros que o atormentavam.

O chão derrepente começou a tremer, e suas medalhas caíram no chão fazendo tanto estardalhaço como a chuva que precipitava do lado de fora.

O mais incrível era que mesmo sem energia em sua casa, a TV voltou a ligar, mostrando agora uma grande rocha em chamas, a rocha se abriu e dela saiu um ser humanóide, mas ainda parecia muito com uma pedra. Começou a falar diretamente para Luís, através do aparelho.

— A luz... não mais me alcançará. Finalmente o Senhor de Todo o Mal, está livre para espalhar suas bestas... vocês... irão todos... perecer ao meu poder. — e a TV desligou dando fim à mensagem.

Luís, tão calado quanto um homem morto, ficou atônito com as imagens e caiu em cima do sofa, respirando ofegante, o coração batendo forte. Logo depois do susto um forte som começa a tocar. Era seu celular.

9 de set. de 2008

A CHUVA - IV

Mesmo com a luzes do quarto acesas ainda refletiam os raios nas páginas do livro de medicina que o Paulo estudava. Estava realmente interessado em medicina e não era uma chuva qualquer que iria impedi-lo de estudar para a prova do dia seguinte. Mas essa não era uma chuva qualquer.

Entretido na leitura, como um garotinho lendo um gibi, o gordo ficava decorando e aprendendo tudo sobre anatomia. Enquanto observava aquelas figuras do livro a luz de seu quarto começou a brilhar mais forte e apagou, só vendo o relâmpago através de sua janela. Tudo se apagou. Como se não fosse suficiente o chão da casa começou a tremer, e Paulo não via outra alternativa a não ser sair de cima da cama com todo o barulho que ela fazia. Por sorte ele estava certo em sair pois foi só chegar a porta do quarto que a cama se desmontou como um piscar de olhos. Caindo uma das tabuas em seu pé.

"Filho da puta", eram as únicas palavras que saiam de sua boca. Seu pé rapidamente começou a inchar e mesmo em sua própria casa ficava difícil andar mancando, tropeçando nos brinquedos espalhados. Já na cozinha pegou um pouco de gelo e foi colocar em seu pé. Assim que tocou seu pé sentiu o calor do ferimento, sentou no sofá e ficou segurando o gelo no seu pé. Com pouco tempo o inchaço já havia cessado e o pé não mais latejava. Normalmente a compressa dura uns 20 minutos, mas Paulo não estava prestando atenção no relógio e assim que parou de doer tirou o gelo do pé.

Foi olhar pela janela e a chuva continuava a cair como se os céus estivessem se vingando de algo que a humanidade fez. Mas ainda assim conseguia perceber que em direção ao sul conseguia ver o sol lutando contra as nuvens como se fosse uma batalha épica. Todas as luzes ao redor apagadas, e com certeza sair naquela chuva não era uma opção, ficou em casa então esperando algo mais estranho acontecer.

3 de set. de 2008

A CHUVA - III (parte 2)

Assim que começaram a bater freneticamente à porta de Alberto, ele abriu seus olhos. Na hora não conseguiu pensar em mais nada a dizer além de "entra". Quando abriram a porta era sua mãe.

— Alberto que barulho foi esse vindo do seu quarto? E que cheiro de queimado é esse? — Dizia a mãe de Alberto enquanto se aproximava dele.

Dexter nervoso com o que ouviu olhou logo para o ventilador, que estava ventilando como se fosse novo em folha. Ficou no quarto aquele silencio repentino, onde só se ouvia o barulho do ventilador. A energia havia voltado na casa de Alberto e ele ficou admirando todos os aparelhos ligados, após levar um choque daqueles.

— Alberto, você tá fedendo a queimado Alberto. Vai tomar um banho garoto — enquanto a mãe mandava o garoto para o banho ele nada falava, ficava só estranhando todos os acontecimentos nesses 5 minutos que se passaram.

No banho ficou pensando nas estranhas imagens que viu enquanto estava desacordado, ele teve certeza que estava desacordado, ou era só a imaginação dele? "Mas eu estive caído no chão". "Eu levei um choque com certeza". "E eu realmente to fedendo a queimado, nossa para de pensar nisso Alberto e toma logo esse banho". Durante o banho Alberto teve que se segurar na parede pois o chão começou a tremer, Alberto já tinha mais uma coisa estranha a acrescentar nos últimos 10 minutos. Que dia de cão, mal começou e já veio aquela chuva horrenda, com o que pareceu ser um raio, pois ele jura ter visto um clarão pela sua janela. O tremor sessou assim como o banho de Dexter.

Após o banho, voltou para o seu quarto, tudo estava ligado, seu ar, seu computador, sua televisão, seu videogame e o ventilador continuava a ventilar. Aquele silencio nada silencioso, onde não se sabia o que fazia mais barulho, o computador, o ar condicionador ou o ventilador. Tudo estava funcionando perfeitamente, de fato havia energia elétrica na casa toda, e a julgar pelos aparelhos, ela não acabou por nem um segundo.

Saiu de sua casa para observar a tempestade, ao chegar do lado de fora percebeu que apenas em sua casa havia energia. Todos os vizinhos estavam com as luzes apagadas. Resolveu então pegar seu celular e ligar para algum amigo, seu celular estava funcionando perfeitamente e a barra de sinal estava cheia. Procurou um número na agenda e ligou.